“Retrato velho”, poema de Mário Castrim.
26.10.2021
No retrato velho hoje cinzento
estava toda a família reunida.
– Este aqui és tu…
Este tu era eu – três anos, caracóis, calções,
colete, botas.
Este sou eu.
É preciso guardar as provas. Os documentos.
Se um dia me fecharem as cancelas e
não me deixarem passar, aponto logo:
– Este sou eu.
Passe – dirá o guarda que deve haver
na eternidade – e boa viagem, sim?
– Claro – dirá o menino
que entretanto busca em mim
as sete diferenças
como costuma fazer no desenho
do suplemento do jornal.
(Poema inédito publicado no Facebook
por Alice Vieira, viúva do poeta há 18 anos)
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