“Idílio” de Antero de Quental.
27.09.2021
Quando nós vamos ambos, de mãos dadas,
Colher nos vales lírios e boninas,
E galgamos de um fôlego as colinas
Dos rocios da noite inda orvalhadas;
Ou vendo o mar, das ermas cumeadas,
Contemplamos as nuvens vespertinas,
Que parecem fantásticas ruínas
Ao longe no horizonte amontoadas;
Quantas vezes, de súbito, emudeces!
Não sei que luz no teu olhar flutua;
Sinto tremer-te a mão, e empalideces…
O vento e o mar murmuram orações
E a poesia das coisas se insinua
Lenta e amorosa em nossos corações.
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