Sophia de Mello B. Andresen – “Camões e a Tença”
21.05.2014
Irás ao Paço. Irás pedir que a tença Seja
paga na data combinada Este país te mata
lentamente País que tu chamaste e não
responde País que tu nomeias e não nasce
Em tua perdição se conjuraram Calúnias
desamor inveja ardente E sempre os
inimigos sobejaram A quem ousou seu ser
inteiramente
E aqueles que invocaste não te viram
Porque estavam curvados e dobrados
Pela paciência cuja mão de cinza Tinha
apagado os olhos no seu rosto
Irás ao Paço irás pacientemente
Pois não te pedem canto mas paciência
Este país te mata lentamente
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