António Salvado – “Que sejas tu, só tu”
14.01.2012
Entrego-te o dia de ontem, o dia de hoje, o dia de amanhã: daqueles receberás a luz restante e deste uma claridade maior.
A mesa onde nos sentarmos acolherá a perenidade das alianças, a castidade dos enlaces e das lealdades, o perfume de nomes recolhidos.
Entrelaçaremos os dedos, tacteando com os olhos o perfil dos lábios, os joelhos afagando até ao encontro.
Na imensidade do nosso consentimento hão-de deambular trilados de prazer, um veleiro transportará canduras de euforias a flutuarem, a ondejarem sem preguiça.
Que eu te ofereça, pois, a intemporal proeza da minha peregrinação que não ressoa, não, como algo de sombreado ou de taciturno. E se a carne me afervora ainda, se o frémito do peito me chameja contínuo, se a largueza dos impulsos jubila de calor os lampejas das veias, que sejas tu, só tu, quem lenifique a dureza do passado.
Podcast (estudio-raposa-audiocast): Download