Século de Ouro Espanhol – “Soneto (2)”
08.01.2012
Consentiu certa dama na porfia
insistente do seu enamorado.
Julgou, por seu nariz, estar provado
que ele outro tanto alhures possuía.
Mas enganou-se nessa profecia:
bem pouco o dele, e o dela demasiado,
de sorte que ele, em sítio tão folgado,
não sabia se entrava ou se saía.
Disse-lhe a dama perturbada e triste:
“Vosso nariz pregou-me uma partida.”
Ao que ele respondeu com brejeirice:
“Que um defeito que tal não vos contriste;
se pelo nariz meu fostes traída,
o vosso, dama, só verdade disse.”
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