Antero de Quental – “A um poeta”
08.01.2012
(surge et ambula)
Tu que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno.
Acorda! É tempo! O sol, já alto e pleno
Afugentou as larvas tumulares
Para surgir do seio desses mares
Um mundo novo espera só um aceno
Escuta! É a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! São canções
Mas de guerra e são vozes de rebate!
Ergue-te, pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate!
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