Nota biográfica

Com um percurso ligado às artes, vias tortuosas levaram-no às tecnologias de informação. Escrevendo por teimosia, Ricardo Vercesi Picoto considera-se um amador, desde que amador seja "aquele que ama", diz. Deixa a qualificação dos seus textos para quem os lê. Talvez, um dia, surja o livro onde reuna aquilo a que chama de verborreia aparentemente poética.

Ricardo Vercesi – “Quero-te”

28.09.2016 | Produção e voz: Luís Gaspar

ricardo

Quero-te.
A cada dia,
A cada segundo.
Só para mim.
Quero ouvir
Cada palavra tua,
Cada sussuro.
E por fim,
Quero cada gesto,
Cada sorriso,
Cada lamento,
Cada “amo-te”,
Cada lágrima.
Quero-te a cada momento.
Cada gemido.
Quero o teu peito,
Batendo forte
No meu.
Em síncope,
E eu,
Depois de tanto te querer,
Nada mais serei que não teu.

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Ricardo Vercesi – “Amo-te”

20.12.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Acordo para mais um dia. Custa a respirar.

O sol já não brilha como dantes. O horizonte marca-se a cinza.

Já nada faz sentido. Os segundos arrastam-se no relógio. Até o tempo marca passo.

Não te vejo. Somos uma sombra do que fomos. Outrora…

Sempre fomos tão errados um para o outro. Água e azeite.

Mas fazes parte de mim. Como o Sol e a Lua, jogando às escondidas.

Talvez por isso, já não falamos. Já mal olhamos um para o outro

Como o Sol e a Lua somos eclipse. E mesmo assim…

És o meu mundo. Sem ti, nada funciona.

Os dias arrastam-se. Não vejo, Não ouço. Não sinto o gosto da vida.

Falta-me o equilibrio. Falta-me o ar. Faltam-me as palavras.

Falta-me a coragem para te abraçar, com medo que me rejeites.

E mesmo assim…amo-te.

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Ricardo Vercesi – “Navegando na tua memória”

14.11.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Deixei as certezas na praia

Quando a última onda te levou

E as gaivotas choraram a perda.

Em cada grão de areia

Uma estrela te acolheu

No sal que deixaste preso a mim.

Foste a maré que me trouxe aqui

A saudade de quem parte para a tempestade.

Foste a minha plenitude, a minha verdade.

As marés não pararam o seu balanço.

As gaivotas continuam à tua procura

Na espuma de cada onda que beija a costa.

E eu fico sentado, ali, chorando cada lágrima

Como se mais uma memória tua me sorrisse

E me banhasse na nossa história.

Por fim viajo em mais uma fase da Lua

Regressando sempre ao mesmo lugar

Esta saudade minha e tua será sempre nossa

Seremos sempre nós a navegar.

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Ricardo Vercesi Picoto – “Puto”

13.03.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Puto
Hoje acordas para mais um dia sem sol.
Puto
Para quem todas as ruas são camas
E os eléctricos são viagens ao mundo dos homens
Sombras de uma vida sem risos, sem esperança
Nos olhos baços dos putos que nunca chegaram a ser crianças.
Tu, puto
Que tratas as putas e os chulos por tu
E para quem todas as pedras são brinquedos
Todas os brinquedos são armas
Todas as emoções são medos.
Tu, puto
Todos os sonhos do mundo são teus.
Que hoje vagueias por mais uns trocos perdidos
E o cheiro da cola se confunde com a humilhação e os sentidos.
Tu, que tens o chão onde dormes por amigo, o cartão por abrigo
Tens o mundo por inimigo.
Puto
Quando olhas, o que vês?
E os olhares indiferentes de quem passa?
E os dias que passam sem nada de novo se passar
E os ventos que te adormecem e te escondem do perigo.
Puto
Todos os perigos do mundo são teus.


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