Sebastião Penedo – “Quando éramos crianças…”
30.11.2012
Quando nós éramos crianças e morria
alguém amigo ou de família, o avô, lembro,
punham-nos uma tarja preta na manga
verde-axadrezada do bibe mais bonito.
Era o fumo no braço – sinal de finados.
O distintivo, o rótulo para certo tempo de luto,
conforme o grau de parentesco, a proximidade.
Era proibido rir, cantar e assobiar,
como se a morte castrasse o sentimento,
ou as lágrimas da vontade despida de chorar.
Não se sabia que não há luto por um grande amigo.
Não se sabia que a dor pode vestir aliviado,
verde, de todas as cores, vermelho e azul,
e pode, naturalmente, chorando, apetecer cantar.
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