Fernando Pinto do Amaral – “Palavras”
15.01.2012
Às vezes é tão bom ver nascer uma estrela
ao fim da tarde, à hora em que declina
a alegria dos pássaros,
este verde sem alma nem corpo
talvez ainda à flor de uma canção.
De rumor em rumor
absorvo o que resta dos deuses
entre o cheiro da terra e o calor de uns lábios – os teus,
esses que nunca me beijaram.
Paisagem acabada de morrer,
aceita-me e ensina-me p’Io menos
uma simples palavra.
Só queria uma palavra que te amasse
pela primeira vez. Desisti de saber
onde mora o teu rosto, onde começa
a sua melodia – meu amor,
acredita,
às vezes é melhor ficar assim,
ver como o céu se despe ou se despede
de tudo o que foi luz e se transforma agora
na música das sombras.
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