Nota biográfica

Vinicius de Moraes (Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913 — Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980) foi um diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro. Poeta essencialmente lírico, também conhecido como "poetinha", apelido que lhe teria atribuído Tom Jobim. Conhecido como um boêmio inveterado, a sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música.

“Soneto de separação” de Vinicius de Moraes.

25.07.2022 | Produção e voz: Luís Gaspar

De repente do riso fez-se pranto

Silencioso e branco como a bruma

E das bocas unidas fez-se a espuma

E das mãos espalmadas fez-se o espanto.



De repente da calma fez-se o vento

Que dos olhos desfez a última chama

E da paixão fez-se o pressentimento

E do momento imóvel fez-se o drama.


De repente, não mais que de repente

Fez-se de triste o que se fez amante

E de sozinho o que se fez contente.



Fez-se do amigo próximo o distante

Fez-se da vida uma aventura errante

De repente, não mais que de repente.

Facebooktwittermailby feather

“Soneto da hora final” de Vinicius de Moraes

14.07.2022 | Produção e voz: Luís Gaspar

Será assim, amiga: um certo dia
Estando nós a contemplar o poente
Sentiremos no rosto, de repente
O beijo leve de uma aragem fria.

Tu me olharás silenciosamente
E eu te olharei também, com nostalgia
E partiremos, tontos de poesia
Para a porta de treva aberta em frente.

Ao transpor as fronteiras do Segredo
Eu, calmo, te direi: – Não tenhas medo
E tu, tranquila, me dirás: – Sê forte.

E como dois antigos namorados
Noturnamente triste e enlaçados
Nós entraremos nos jardins da morte.

Facebooktwittermailby feather

“Soneto do amigo” de Vinícius de Moraes

08.08.2021 | Produção e voz: Luís Gaspar

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica…

Facebooktwittermailby feather

Vinícius de Moraes – “Soneto de separação”

10.05.2015 | Produção e voz: Luís Gaspar

separacao13

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Facebooktwittermailby feather

Vinícius de Moraes – “Dia da Criação”

18.06.2014 | Produção e voz: Luís Gaspar

mundo

I

Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na Cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.

II

Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado.
Há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado.
Há um homem rico que se mata
Porque hoje é sábado.
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado.
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado.
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado.
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado.
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado.
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado.
Há um grande espírito de porco
Porque hoje é sábado.
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado.
Há criancinhas que não comem
Porque hoje é sábado.
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado.
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado.
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado.
Há um tensão inusitada
Porque hoje é sábado.
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado.
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado.
Há um grande aumento do consumo
Porque hoje é sábado.
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado.
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado.
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado.
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado.
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado.
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado.
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado.
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado.
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado.
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado.
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado.
Há uma comemoração fantástica
Porque hoje é sábado.
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado.
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado.
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado.

III

Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens, ó Sexto Dia da Criação.
De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
E depois, da separação das águas, e depois, da fecundação da terra
E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra
Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.
Na verdade, o homem não era necessário
Nem tu, mulher, ser vegetal dona do abismo, que queres como as plantas, imovelmente e nunca saciada
Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias
Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos
Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas em queda invisível na terra.
Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes
Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia
Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda e missa de sétimo dia,
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das águas em núpcias
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, freqüentemente dogmáticos
Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e sim no Sétimo
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente
Porque era sábado.

Facebooktwittermailby feather

Vinícius de Moraes – “Menina como uma flor”

18.05.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

menina_flor

Porque és uma menina como uma flor e tens uma voz que não sai do ouvido, eu prometo-te amor eterno, salvo se murchares, o que, aliás, não vais nunca porque acordas tarde, tens um ar acanhado e gostas de brigadeiros: quero dizer, doces feitos com leite condensado.
E porque és uma menina como uma flor e choraste na estação de Roma porque as nossas malas seguiram sozinhas para Paris, e morreste de pena delas que partiam assim, no meio de todas aquelas malas estrangeiras.
E porque sonhas que estou a deixar-te p’ra trás, transferes o teu t.p.m. para o meu quotidiano, e implicas comigo o dia inteiro como se eu tivesse culpa de seres assim, tão subliminar.
E porque quando começaste a gostar de mim procuravas saber por todos os meus modos, com que camisola desportiva ia sair para fazer mimetismo de amor, só para te vestires de forma parecida.
E porque tens um rosto que está sempre um brinco, mesmo quando apanhas o cabelo, e pareces-te com uma santa moderna, e andas lentamente, e falas em 33 rotações mas sem aborreceres.
E porque és uma menina como uma flor, eu te predigo muitos anos de felicidade, pelo menos até eu ficar velho: mas só quando eu der uma escapadinha marota para olhar para o lado, aí sim podes ir embora, eu compreendo.
E porque és uma menina como uma flor e tens um andar de pajem medieval; e porque quando cantas nem um mosquito ouve a tua voz, e desafinas tão bem que logo de seguida consertas, e às vezes acordas no meio da noite para cantar, feito uma doida.
E tens um ursinho chamado Nounouse e falas-lhe mal de mim, e ele escuta e não concorda porque é muito meu amigo, e quando te sentes perdida e sozinha no mundo deitas-te agarrada a ele, choras como um bebé e fazes um beicinho deste tamanho. 


E porque és uma menina que não pisca nunca e os teus olhos foram feitos na primeira noite da Criação, e és capaz de ficar horas a olhar-me.
E porque és uma menina que tem medo de ver a cara ao espelho, e quando te olho por muito tempo, começas a ficar nervosa até eu jurar-te que estou a brincar.
E porque és uma menina como uma flor e cativaste o meu coração e adoras puré de batata, eu te peço que me consagres teu Constante e Fiel Cavalheiro.
E sendo tu uma menina como uma flor, peço-te também que nunca mais me deixes sozinho, como neste último mês em Paris; fica tudo como uma rua silenciosa e escura que não vai dar a lugar nenhum; os móveis ficam parados, olham-me com pena; é um vazio tão grande que as mulheres nem ousam amar-me porque dariam tudo para ter um poeta penando assim por elas, a mão no queixo, a perna cruzada triste e aquele olhar que não vê.
E porque tu és a única menina como uma flor que conheço, escrevi uma canção tão bonita para ti, “Minha namorada”, afim de que, quando morrer, tu, se por acaso não morreres também, fiques deitadinha abraçada ao Nounouse a cantar sem voz aquela parte em que digo que tens de ser a estrela derradeira, minha amiga e companheira, no infinito de nós dois.
E já que és uma menina como uma flor e eu estou agora a ver-te subir – tão pura entre as marias-sem-vergonha – a ladeira que te traz ao nosso ninho, aqui nestas montanhas recortadas pela mão de Guignard; e o meu coração, como quando disseste que me amavas, desata a bater cada vez mais depressa.
E porque me levanto para recolher-te no meu abraço, e o mato à nossa volta faz-se murmuroso e enche-se de vaga-lumes enquanto a noite desce com os seus segredos, as suas mortes, os seus espantos – eu sei, eu sei que o meu amor por ti é feito de todos os amores que já tive, e tu és a filha predilecta de todas as mulheres que amei; e que todas as mulheres que amei, como tristes estátuas ao longo da álea de um jardim nocturno, foram de mão em mão passando-te até mim, cuspindo-te no rosto e enfrentando a tua fronte de grinaldas; foram passando-te até mim entre cantos, súplicas e vociferações – porque tu és linda, porque tu és meiga e sobretudo… porque és uma menina como uma flor.

Facebooktwittermailby feather

Vinícius de Moraes – “Mar”

17.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Na melancolia de teus olhos
Eu sinto a noite se inclinar
E ouço as cantigas antigas
Do mar.

Nos frios espaços de teus braços
Eu me perco em carícias de água
E durmo escutando em vão
O silêncio.

E anseio em teu misterioso seio
Na atonia das ondas redondas
Náufrago entregue ao fluxo forte
Da morte.

Facebooktwittermailby feather

Vinícius de Moraes – “Operário em construção”

07.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:
- Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe:
- Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. V, vs. 5-8.

Era ele que erguia casas

Onde antes só havia chão.

Como um pássaro sem asas

Ele subia com as casas

Que lhe brotavam da mão.

Mas tudo desconhecia

De sua grande missão:

Não sabia, por exemplo

Que a casa de um homem é um templo

Um templo sem religião

Como tampouco sabia

Que a casa que ele fazia

Sendo a sua liberdade

Era a sua escravidão.
De fato, como podia

Um operário em construção

Compreender por que um tijolo

Valia mais do que um pão?

Tijolos ele empilhava

Com pá, cimento e esquadria

Quanto ao pão, ele o comia…

Mas fosse comer tijolo!

E assim o operário ia

Com suor e com cimento

Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento

Além uma igreja, à frente

Um quartel e uma prisão:

Prisão de que sofreria

Não fosse, eventualmente

Um operário em construção.
Mas ele desconhecia

Esse fato extraordinário:

Que o operário faz a coisa

E a coisa faz o operário.

De forma que, certo dia

À mesa, ao cortar o pão

O operário foi tomado

De uma súbita emoção

Ao constatar assombrado

Que tudo naquela mesa

– Garrafa, prato, facão –
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário, 

Um operário em construção. 

Olhou em torno: gamela 

Banco, enxerga, caldeirão 

Vidro, parede, janela 

Casa, cidade, nação! 

Tudo, tudo o que existia 

Era ele quem o fazia 

Ele, um humilde operário

Um operário que sabia 

Exercer a profissão.
Ah, homens de pensamento 

Não sabereis nunca o quanto 

Aquele humilde operário 

Soube naquele momento! 

Naquela casa vazia

Que ele mesmo levantara 

Um mundo novo nascia 

De que sequer suspeitava. 

O operário emocionado 

Olhou sua própria mão 

Sua rude mão de operário

De operário em construção 

E olhando bem para ela 

Teve um segundo a impressão 

De que não havia no mundo 

Coisa que fosse mais bela.
Foi dentro da compreensão

Desse instante solitário

Que, tal sua construção

Cresceu também o operário.

Cresceu em alto e profundo

Em largo e no coração

E como tudo que cresce

Ele não cresceu em vão

Pois além do que sabia

– Exercer a profissão -

O operário adquiriu

Uma nova dimensão:

A dimensão da poesia.
E um fato novo se viu

Que a todos admirava:

O que o operário dizia

Outro operário escutava.
E foi assim que o operário

Do edifício em construção

Que sempre dizia sim

Começou a dizer não.

E aprendeu a notar coisas

A que não dava atenção:
Notou que sua marmita

Era o prato do patrão

Que sua cerveja preta

Era o uísque do patrão

Que seu macacão de zuarte

Era o terno do patrão

Que o casebre onde morava

Era a mansão do patrão

Que seus dois pés andarilhos

Eram as rodas do patrão

Que a dureza do seu dia

Era a noite do patrão

Que sua imensa fadiga

Era amiga do patrão.
E o operário disse:
Não!

E o operário fez-se forte

Na sua resolução.
Como era de se esperar

As bocas da delação

Começaram a dizer coisas

Aos ouvidos do patrão.

Mas o patrão não queria

Nenhuma preocupação

– “Convençam-no” do contrário -

Disse ele sobre o operário

E ao dizer isso sorria.
Dia seguinte, o operário

Ao sair da construção

Viu-se súbito cercado

Dos homens da delação

E sofreu, por destinado

Sua primeira agressão.

Teve seu rosto cuspido

Teve seu braço quebrado

Mas quando foi perguntado

O operário disse:
Não!
Em vão sofrera o operário

Sua primeira agressão

Muitas outras se seguiram

Muitas outras seguirão.

Porém, por imprescindível

Ao edifício em construção

Seu trabalho prosseguia

E todo o seu sofrimento

Misturava-se ao cimento

Da construção que crescia.
Sentindo que a violência

Não dobraria o operário

Um dia tentou o patrão

Dobrá-lo de modo vário.

De sorte que o foi levando

Ao alto da construção

E num momento de tempo

Mostrou-lhe toda a região

E apontando-a ao operário

Fez-lhe esta declaração:

– Dar-te-ei todo esse poder

E a sua satisfação

Porque a mim me foi entregue

E dou-o a quem bem quiser.

Dou-te tempo de lazer

Dou-te tempo de mulher.

Portanto, tudo o que vês

Será teu se me adorares

E, ainda mais, se abandonares

O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário

Que olhava e que refletia

Mas o que via o operário

O patrão nunca veria.

O operário via as casas

E dentro das estruturas

Via coisas, objetos

Produtos, manufaturas.

Via tudo o que fazia

O lucro do seu patrão

E em cada coisa que via

Misteriosamente havia

A marca de sua mão.

E o operário disse: Não!
– Loucura! – gritou o patrão

Não vês o que te dou eu?

– Mentira! – disse o operário

Não podes dar-me o que é meu.
E um grande silêncio fez-se

Dentro do seu coração

Um silêncio de martírios

Um silêncio de prisão.

Um silêncio povoado

De pedidos de perdão

Um silêncio apavorado

Com o medo em solidão.
Um silêncio de torturas

E gritos de maldição

Um silêncio de fraturas

A se arrastarem no chão.

E o operário ouviu a voz

De todos os seus irmãos

Os seus irmãos que morreram

Por outros que viverão.

Uma esperança sincera

Cresceu no seu coração

E dentro da tarde mansa

Agigantou-se a razão

De um homem pobre e esquecido

Razão porém que fizera

Em operário construído

O operário em construção.

Facebooktwittermailby feather