Manuel Machado – “O Jardim Negro”

12.02.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Manuel Machado, (1874-1947) poeta espanhol, de Sevilha.

É noite. A imensa
palavra é silêncio…
Há no arvoredo
um grave mistério…
Dormem os rumores,
a cor já morreu.
A fonte está louca,
mudo está o eco.

Recordas-te?… Em vão
quisémos sabê-lo…
Que estranho! Que escuro!
Crispa-me inda os nervos
passando nesta hora
somente a lembrança,
como se me houvesse
roçado um momento
a asa peluda
de horrível morcego!…
Vem, amada! Inclina
tua fronte em meu peito;
cerremos os olhos;
não oiçamos, silêncio…
Como dois meninos
que tremem de medo!

A lua aparece,
as nuvens rompendo…
A lua e a estátua
dão um grande beijo.

(Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea – tradução de José 

Bento)

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