Nota biográfica

Manuel Barata é natural da aldeia da Mata, Castelo Branco. Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas pela FLUL, foi funcionário público e professor.

Manuel Barata – “O Tempo”

24.04.2015 | Produção e voz: Luís Gaspar

tejo

O tempo – essa coisa misteriosa que se conta em milénios, séculos, anos, meses, dias, horas e segundos -alguém saberá ao certo o que é? E no entanto, nada escraviza mais o Homem do que o tempo, que as gramáticas organizam em passado, presente e futuro, mas que, no fundo, é apenas passado e futuro.
O tempo – essa coisa estranha que dá alento aos tiranos e torna precárias as acções dos heróis, que destrói as verdades eternas dos teólogos e os sistemas infalíveis dos filósofos, que tudo e todos condena ao esquecimento – alguém saberá ao certo o que é?
No seu perpétuo fluir, o tempo é o tempo, como diria o delicioso Caeiro.
Para mim, que não sou poeta nem literato, mas simplesmente um amigo de poetas e literatos, o tempo é o sol a levantar-se preguiçosamente do Tejo – é assim que eu o vejo das janelas da casa onde habito- que depois sobe e roda e desce, devagarinho, para desaparecer por detrás das casas, para de novo se levantar das mansas águas do Tejo e subir e rodar e descer e desaparecer e de novo se levantar das mansas águas do Tejo.

(Do livro “Ao Sabor Dos Dias”, Ed. Alecrim)

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