“Fuzilaram um homem num país distante”, poema de José Gomes Ferreira
16.09.2022
Hoje proíbo as rosas de nascerem diante de mim!
Proibo as deusas de dançarem nos olhos
das crianças! Proibo os corpos das mulheres de terem
outro
destino que a morte!
Sim, proibo!
E (baixinho, em sonho) aos gritos no mundo ordeno
aos homens
que
venham para a rua descalços
para sentirem nos pés nus
o silêncio da terra
– e o terror de viverem num planeta
onde os fuzilados não ressuscitam,
nem os malmequeres protestam com flores de luto
contra este sol que continua a fabricar primaveras
mecânicas e este cheiro tão bom a mulheres novas
nas árvores
com cio
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