Nota biográfica >>

Florbela Espanca (Vila Viçosa, 8 de Dezembro de 1894 — Matosinhos, 8 de Dezembro de 1930), batizada como Flor Bela de Alma da Conceição Espanca, é uma conhecida e popular poetisa portuguesa. A sua vida, de apenas trinta e seis anos, foi tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotismo, feminilidade e panteísmo.

“Alentejano”, de Florbela Espanca.

15.07.2022

Deu agora meio-dia; o sol é quente

Beijando a urze triste dos outeiros.

Nas ravinas do monte andam ceifeiros,

Na faina, alegres, desde o sol nascente.

Cantam as raparigas meigamente.

Brilham os olhos negros, feiticeiros. 

E há perfis delicados e trigueiros

Entre as altas espigas d’oiro ardente.

A terra prende aos dedos sensuais 

A cabeleira loira dos trigais

Sob a bênção dulcíssima dos céus.

Há gritos arrastados de cantigas…
E eu sou uma daquelas raparigas…

E tu passas e dizes: «Salve-os Deus!»

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