“Hoje proíbo”, poema de José Gomes Ferreira.
20.12.2021
Hoje proíbo as rosas de nascerem diante de mim!
Proíbo as deusas de dançarem nos olhos das crianças
proíbo os corpos das mulheres de terem outro destino
que a morte!
Sim, proíbo!
E (baixinho, em sonho) aos gritos no mundo
ordeno aos homens
que venham para a rua descalços
para sentirem nos pés nus
o silêncio da terra
e o terror de viverem num planeta
onde os fuzilados não ressuscitam,
nem os malmequeres protestam com flores de luto
contra este sol que continua a fabricar primaveras mecânicas
e este cheiro tão bom a mulheres novas nas árvores com cio!
Em memória das vítimas do massacre do cemitério de Santa Cruz, em Timor.
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