“Velhice” poema de Alberto d’Oliveira.
08.11.2021
Água do rio Letes, onde passas?
Venha a mim o teu curso benfazejo
Que sepulta alegrias ou desgraças
No mesmo esquecimento sem desejo.
Quero beber-te por contínuas taças…
E às horas do passado que revejo,
Pedir-te que as afogues e desfaças
Na carícia e na esmola do teu beijo!
Quem de si nunca esteve satisfeito
E com novas empresas só procura
Corrigir seu engano ou seu defeito,
Não pode recordar sem amargura
Que a mais nenhum esforço tem direito
Na ruína presente e na futura…
Alberto de Oliveira, in “Novos Sonetos”
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