“Ah, um soneto…”, poema de Álvaro de Campos.
07.09.2021
Meu coração é um almirante louco
que abandonou a profissão do mar
e que a vai relembrando pouco a pouco em
casa a passear, a passear…
No movimento (eu mesmo me desloco nesta
cadeira, só de o imaginar)
o mar abandonado fica em foco
nos músculos cansados de parar.
Há saudades nas pernas e nos braços. Há
saudades no cérebro por fora.
Há grandes raivas feitas de cansaços.
Mas — esta é boa! — era do coração
que eu falava… e onde diabo estou eu agora
com almirante em vez de sensação? …
Podcast: Download