Poema (sem título), de Egito Gonçalves.
06.09.2021
Sinto sob a nuca o pulsar
das tuas ancas. Escrevo
no puro azul do ar
a fórmula do teu nome,
o destino, este fogo. A calma
da manhã dá-me
o silêncio suave de te ter,
de esquecer a fronteira…
Estás, longe do luto, da cidra
solitária. Uma ave
— cegonha ou garça? — agita
o céu da gândara, as linhas
da ternura. Um outono
de orvalho, comovido,
veste-me — ou é
a água dos teus lábios?
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