Nota biográfica >>

Clérigo, provavelmente galego, cuja atividade se situará nos finais do reinado de Afonso X e inícios do reinado de Sancho IV (1284-1289). Por um documento da chancelaria deste último monarca, ficamos a saber que, em 1284, Airas Nunes terá sido beneficiado com duas quantias em dinheiro para a compra de um cavalo e de roupas, doação que parece relacionar-se com a cena de violência que nos relata numa das suas cantigas. Trovador culto, como nos indicam o seu perfeito domínio das formas e ainda o seu gosto pela citação (nomeadamente provençal), Airas Nunes terá estado ao serviço de D. Sancho IV, embora os dados referidos sejam os únicos que dele se possui.

Airas Nunes – “Bailemos”

14.03.2016

airas_nunes

Português moderno

Bailemos nós já todas três, ai, amigas,
sob estas avelaneiras floridas
e quem for bonita, como nós, bonitas,
se amigo amar,
sob estas avelaneiras floridas
virá bailar.
Bailemos nós já todas três, ai, irmãs.
sob este ramo destas aveleiras,
e quem for louçã, como nós, louçãs,
se amigo amar,
sob este ramo destas aveleiras
virá bailar.
Por Deus, ai amigas, enquanto mais não fazemos,
sob este ramo florido bailemos,
e quem bem parecer como nós parecemos,
se amigo amar,
sob este ramo sob o que nós bailemos
virá bailar.

Português antigo

Baylemos nós já todas três, ay amigas,
so aquestas auelaneyras frolidas
e quen for uelida, como nós, uelidas,
se amigo amar, se aquestas auelaneyras frolidas
uerrá baylar.
Bailemos nós já todas três, ay irmanas.
so aqueste ramo destas auelanas,
e quen for louçana, como nós, louçanas,
se amigo amar,
so aquesto ramo destas auelanas
uerrá baylar.
Par Deus, ay amigas, mentr’al non fazemos,
so aqueste ramo frolido bailemos,
e quen ben parecer como nós parecemos,
se amigo amar,
so aqueste ramo so lo que nós bailemos
uerrá bailar.

(Adaptação do Português antigo ao moderno por de Deana Barroqueiro.
Este poema está incluído no iBook “Coletânea de Poesia Portuguesa – Poesia Medieval”,
disponível no iTunes)

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