Lília da Fonseca – “Poema da hora presente”
02.02.2016
(Pintura dos Meninos de Angola)
A maré sobe
longínqua e distante,
mas sobe…
Tem a força de um atlante
e a frescura gloriosa da manhã!
Podem forjar matadoiros,
abrir veia por veia
os pulsos que não suportam algemas;
e preparar sorvedoiros
e emboscadas de atalaia
e erguer barreiras na praia
contra a onda que se alteia
para afogar nos seus braços
abismos de escuridão…
Areias louras da praia
a hora da maré cheia
cantai-a,
não há barreira que tolha
a gloriosa ascensão!
Onde o poder p’ra impedir
que a Primavera floresça?
Aconteça o que aconteça,
a Primavera há-de vir
e a maré,
longínqua e distante,
continuará a subir…
Podcast (estudio-raposa-audiocast): Download