Bruno Tolentino – “Uma voz da terra e do ar”
12.11.2015
a Eugénio de Andrade
O rosto entreaberto
pela madrugada, o
rebanho, a alada
fulguração.
O lábio tão perto do
silêncio; o calmo
balanço do tálamo; e a
canção.
Domínio obscuro
como o berço, como o
primeiro pomo, como
o alto mar.
A mão quer o duro
caroço; a semente quer
o corpo ausente; quero
louvar
o gesto perfeito na
página branca, o
duende, a dança no
precipício,
o cardo no peito, a voz
no princípio: a leve, a
difícil colheita no ar.
Londres, 1973
Poema recolhido do livro “Aproximações a Eugénio de Andrade”, editado pela ASA com o patrocínio a BIAL. Coordenação de José da Cruz Santos e Direção gráfica de Armando Alves. a ilustração deste poema é de Laureano Ribatua.
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