Augusto Gil – “A fala de um cravo vermelho”
22.04.2015
Da braçada de cravos que trouxeste
Quando vieste,
Minha linda,
Há um – o mais vermelho e mais ardente –
Que espera ainda ansiosamente
Atua vinda…
Só ele resta agora, entre os irmãos
Já desfolhados…
Só ele espera que piedosas mãos
– As tuas lindas mãos e os teus cuidados –
Lhe dêem, numa pouca d’água clara
E enganadora,
Uma ilusão da vida que animara
O seu vigor d’outrora…
Mas que outro está, da hora em que o cortaste
Ainda em botão!
Murcham-lhe as pétalas e tem curva a haste,
Num grande ponto de interrogação…
Voltado para a porta em que surgiste,
Na noite perturbante em que o trazias,
Parece perguntar porque partiste …
E porque não voltaste, há tantos dias!?…
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