Fernando Pessoa – “Dá surpresa de ser”
27.06.2014
Dá a surpresa de ser. É alta,
de um louro escuro. Faz
bem só pensar em ver Seu
corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem (Se ela
estivesse deitada) Dois
montinhos que amanhecem Sem
ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco
Assenta em palmo espalhado
Sobre a saliência do flanco Do
seu relevo tapado.
Apetece como um barco. Tem
qualquer coisa de gomo. Meu Deus,
quando é que eu embarco? Ó fome,
quando é que eu como?
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