Licínia Quitério – “Dos Nomes”
02.02.2013
Deram-te um nome.
Um homem tem de ter um nome:
João ou Pedro ou Manuel.
À pedra damos nome de pedra
que o é antes da pedra
e a si se basta.
Às flores chamamos flores,
o nome próprio que lhes dá a cor.
Um homem tem de ter um nome:
José ou Mário ou António,
para caminhar dentro dele.
Quando pegas na pedra,
pensas no nome pedra
e ele te diz da sua substância.
Quando cheiras a flor,
pensas o nome flor
e é ele que te inunda.
Quando olhas um homem,
Afonso ou Jorge ou Joaquim,
vês o seu nome,
a sua marca de água,
o oceano onde navegará
até ao fim do medo.
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