J. Caldas – “Se na mais profunda…”

05.07.2012

Se na mais profunda solidão se ouvem passos
Se na mais profunda escuridão se pressentem gestos
Se na mais profunda emoção se libertam sonhos
É porque há poetas que pairam espreitam vivem

Nos bosques nas sombras nas cidades adormecidas
Nas madrugadas mais frescas nas noites mais estreladas
Há poetas que inventam canções e melodias
As vozes que soletram canções que as árvores ondulam

Nas cidades das multidões enfurecidas
Por entre pernas esgares gritos e um imenso desespero
São poetas que com um olhar do tamanho do mundo
Procuram um sentido no emaranhado das palavras gritadas pelas ruas

São sempre os poetas os que estão nas paragens de todos os destinos
Os que estão para além de todas as correntes de todas as tempestades
São o elo invisível com o que está longe e é mistério
E esconde todos os segredos que lenta e subtilmente as palavras revelam.

(Este poema venceu um concurso organizado pelo blogue Porosidade Etérea)

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