Amadeu Teles Marques – “Oração Pagã”
17.01.2012
Vieste de manhã, meu amor. Logo de manhã.
Tão cedo, que a noite ainda adormecia.
Não deste tempo, sequer, a que te abrisse a porta.
Entraste
por onde entra o fumo e o nevoeiro.
Trazias os cabelos orvalhados,
e na boca
aquele aroma fresco a hortelã.
Corremos juntos a acordar o dia
debruçando o nosso amor sobre a varanda.
O breve, o infinito, o todo verdadeiro
estava ali.
Nos corpos dados, unimos a alegria.
E assim rezámos uma oração pagã.
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