Eugénio de Castro – “A minha filha Violante”
15.01.2012
Acorda cedo como os passarinhos,
vem logo direita à minha cama;
Sacode-me com jeito, por mim chama
E abre-me os olhos com os seus dedinhos.
Estremunhado, zango-me. – “Beijinhos,
“Não quer beijinhos?” com voz d’ouro exclama:
Da minha ira empalidece a chama,
E, acarinhando-a, pago os seus carinhos.
Senhor! que amor de filha tu me deste!
Dá-lhe um caminho brando e sem abrolhos,
Dá-lhe a virtude por amparo e guia;
E destina também, ó Pai celeste,
Que a mão com que ela agora me abre os olhos
Seja a que há de fechar-mos algum dia!
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