Encandescente – “Palavras-caravela”
10.01.2012
Podia escrever,
(Se para ai estivesse virada ou tal coisa me apetecesse).
As palavras de amor mais belas,
Que altaneiras como caravelas,
Vogariam no mar de encontros e desencontros que é o amor.
E ficar vendo da minha janela,
As minhas,
E outras palavras-caravela,
Tomando rumo e partir.
Ou poderia em vez disso inventar um novo desporto,
E tentar da minha janela
Ou de um local qualquer do porto,
De onde partem todas as palavras de amor,
(Que sei que existe mas não onde fica).
Todas as palavras têm um porto
Onde permanecem,
Até que prontas podem partir.
E eu escondida,
Á janela ou num canto do porto,
Dispararia para as velas das palavras-caravela
Com uma daquelas espingardas de chumbos com que brincava em criança,
E uma a uma vê-las-ia afundar.
E uma a uma vê-las-ia sucumbir.
Mas sei que por cada palavra que afundasse uma outra surgiria
E não teria mãos nem chumbos,
Para todas fazer naufragar.
Ah…. Tanta palavra de amor se sente e se escreve.
Que a única paisagem que vejo da minha janela,
São palavras-caravela
Procurando um rumo,
Procurando um nome.
O nome que sonha
Quem no mar as lançou.
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