Luís Pinto sobre Florbela Espanca

10.05.2009

Curiosa a biografia que recolheste desta tão popular poetisa, muito embora não tivesses referido as eventuais causas da sua prematura morte. A obra poética da autora é sobejamente conhecida (sou particular admirador dos títulos ” Soror Saudade” e do póstumo “Charneca em Flor”)
Mas, curiosamente, meu amigo, não a considero uma “poetisa erótica”.
Não sabemos se Florbela teve acesso a escritores como Anais Nin, Miler, (ambos seus contemporâneos) ou o nosso Bocage, etc, para não mencionar os famosos Vatsyayama, Boccaccio, ou o célebre Ovídio com a sua “Arte de Amar”.
O que sabemos é que esta nossa mulher de letras escreveu com o coração, com todos os seus sentimentos interiores a extravasarem de paixão, mas uma paixão sofrida e nostálgica.
“Amar, amar perdidamente” não tem nada de erótico. Tem, isso sim, uma vida talvez nunca descoberta na brancura duma alcova. Uma vida que anseia por uma liberdade aprisionada pelo ferrolho do romantismo donde ela, a todo o custo, se tentou libertar.
São sonetos duma mulher só. Duma mulher que gosta de ser mulher, que gosta dum beijo, dum afago e duma posse.
De tudo isto ao erotismo vai uma distância imensurável.

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