Comentário de Deana Barroqueiro

17.01.2008

Caro Luís, que bom ouvir falar de Maria Judite de Carvalho!
Este seu espaço está a tornar-se um oásis onde apetece parar e repousar, não só do ruído da mediocridade que nos rodeia, mas também do vazio da celebração exclusiva dos “consagrados”, do “sempre igual”, do “mais do mesmo”, repetido até à exaustão pelos Media.
Num tempo de Censura e de Medo, uma outra mulher de Letras quase ignorada – Maria Aliete Galhós – sugeria às suas alunas de 17 anos a leitura do conto “Tanta Gente Mariana”. A dor feminina cristalizada nas palavras de Maria Judite de Carvalho feria a inocência, mas rasgava as vendas dos olhos adolescentes, trazendo à luz do dia e da indignação a triste condição da mulher portuguesa. Mais tarde foi a minha vez de o sugerir às minhas alunas. “Tanta gente Mariana” não foi o melhor livro da minha vida, mas foi seguramente o que mais me marcou, despertando-me para a consciência de mim e dos outros.
Talvez o brilho de Urbano Tavares Rodrigues, o seu marido, ofuscasse essa “flor discreta”, mas a cor e a força das suas palavras deixaram marcas em muitos espíritos. Quem colheu uma violeta silvestre, poderá alguma vez esquecer o seu perfume?
Obrigada, Luís, por ma ter feito recordar.
Deana Barroqueiro

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