Nota biográfica

Cláudia Marczak, poeta brasileira. Publicou o seu primeiro livro de poesia aos 16 anos. Publicou mais dois, "Caos" e "Lugar algum". Prepara o seu primeiro romance que irá participar na Bienal do Livro de S. Paulo.

Cláudia Marczak – “Não me pergunte…”

15.03.2013 | Produção e voz: Luís Gaspar

Não me pergunte o que não sei,
porque só sei daquilo que vivo
e vivo sem saber o porquê.
Não me ame como se eu fosse a única,
pois em mim vivem várias,
a pura,
a puta,
a filha,
a mãe,
e em nenhuma delas sou verdadeiramente eu.
Não tente me entender,
não compreendo meus passos,
apenas caminho,
e tiro de cada gota de vida
o que preciso para viver.
Não me odeie,
pois a linha que separa
o ódio da paixão,
é tênue demais,
e a paixão é fogo que não queima,
mas consome aos poucos o amor.
Não pense em mais nada !
Cala tua boca na minha
e viva em mim os teus desejos.
No meu hoje não existe amanhã.
A noite já se vai tão alta…
Não preciso saber mais nada.
Nunca saberei.

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Cláudia Marczak – “O sexo é sagrado” (2ª versão)

19.04.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

O sexo é sagrado, 

como salgadas são as gotas de suor 

que brotam dos meus poros 

e encharcam nossas peles. 

A noite é meu templo 

onde me torno uma deusa enlouquecida 

sentindo teus pelos sobre a minha pele. 

Neste instante já não sou nada, 

somente corpo, 

boca, 

pele, 

pêlos, 

línguas,

bocas. 

E a vida brota da semente, 

dos poucos segundos de êxtase. 

Tuas mãos como um brinquedo

passeiam pelo meu corpo. 

Não revelam segredos

desvendam apenas o pudor do mundo, 

descobrem a febre dos animais.

Então nos tornamos um

ao mesmo tempo em que 

a escuridão explode em festa.

A noite amanhece sem versos, 

com a música do seu hálito ofegante.

O sol brota de dentro de mim. 

Breves segundos. 

Por alguns instantes dispo-me do sofrimento. 

Eu fui feliz.

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Cláudia Marczak – “Não sou…”

19.04.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Não sou prisioneira do tempo
Nem ancoro meus sonhos
No solo árido da minha vida medíocre.
Deixo meus olhos flutuarem
Entre céus e infernos
Que a poesia me leva.
Procuro a jóia rara
De um sorriso único
Repleto de angústia e surpresa.
Navego obscura entre
meus medos e meus desejos
sem ter certeza de nada.
Que venha a vida, então,
E penetre em mim
Como um punhal
Rasgando minhas dúvidas
Cortando as amarras
Que me prendem ao possível.
Pertenço a quem me possuir,
Sou do mundo.
Sou minha vida.
Sou o espelho do que jamais serei.

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Cláudia Marczak – “Coração de Vidro”

19.04.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Moram em mim
outros olhos que me vêem.
Neles existo e não me enxergo.
Tenho os olhos de um animal,
arisco e selvagem.
Farejo minhas vontades,
sacio minha sede
nos rios que correm em outros corpos.
Todos únicos sem serem um;
verdadeiros sem serem reais.
Tenho os olhos do pecado que não existe,
e escorrem por eles
lágrimas do sangue da minha culpa.
Tenho os olhos de versos.
Olhos de alma
que mostram meu coração de vidro,
tão pequeno e frágil,
que brilha e lacera em meu peito
inúmeras feridas
da onde brotam palavras vazias,
palavras vãs,
que eu nunca conseguirei entender.

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Cláudia Marczak – “Sei o gosto…”

19.04.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Sei o gosto do seu beijo,
Seu cheiro me guia
Na escuridão da noite.
Onde está você agora
Que seu espírito engoliu meu coração ?
Por que não o encontro,
Amanhecendo ao meu lado,
Quando meu corpo chora seu abraço…
Não tente me entender,
Apenas me toque,
Deixa seu suor inundar
Minha pele com seu prazer
Beija-me
Possua-me
Que na minha solidão
Já não cabe o tamanho da sua ausência,
Pois quando vi seus olhos
Repletos de luz
O breu da minha tristeza
Iluminou-se de festa
E fez da minha estrada
Um rio de águas mornas
Desaguando no seu mar.
Deixe-me gritar seu nome
Deixe-me sangrar seu coração
Deixe-me lamber em seus lábios
Toda a dor que eles tem
E beber sua saliva de fel.
Não deixe meus olhos se fecharem,
Pois eles possuem os sonhos frágeis
De quem ama demais.

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Cláudia Marczak – “Não vejo mais…”

19.04.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Não vejo mais sentido
Naquilo que tenho sentido.
Não flutuo em águas rasas.
Mergulho.
A escuridão e o peso do oceano
Me fascinam e apavoram.
Até onde posso ir?
E se eu não souber como voltar?
Não há farol que me guie.
Não há razões.
A profundeza do oceano é meu abrigo.
Seguro e solitário.
Abissal sem fim.

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Poesia 52 – Cláudia Marczak

19.04.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Programa 52 – Cláudia Marczak

Poesia de Cláudia Marczak já se ouviu no Estúdio Raposa, exatamente no programa “Poesia Erótica 36”, intitulado “5poemas5”, ao lado de Affonso Romano de Sant’Anna, Salvador Pliego, Rosa Lobato Faria e Alexandre O’Neill.

Sobre Cláudia Marczak, dizia eu nessa altura, Março de 2.009: “Cláudia Marczak, poeta brasileira, é um caso curioso de internet. Se, no Google, fizermos uma busca pelo seu nome, encontramos dezenas de entradas, a maior parte com um seu famoso poema “O sexo é sagrado”, assim como referências à sua obra, mas e aqui a curiosidade, sem uma linha sobre a sua biografia. Nada. MÚSICA
Pois, passados três anos o Google cumpriu a sua mais apreciada missão: descobrir factos e encontrar pessoas. 
Cláudia Marczak descobriu a declamação do seu poema e escreveu-me acabando com o mistério, para mim, da sua biografia.
Eis o que a Cláudia me disse, sobre si.

“Luis, vou falar um pouco de mim e como a poesia, ou melhor as palavras (é que atualmente não é só a poesia que me basta) apareceram na minha vida. Eu tinha mais ou menos oito anos quando comecei a escrever. Primeiro porque vi alguns poemas de uma colega minha e achei aquilo bonito demais. Depois, porque achei um jeito muito interessante de eu me expressar. A poesia passou a ser um universo paralelo, no qual eu poderia ter acesso sempre que eu quisesse. Aos quinze anos, com ajuda dos meus pais, publiquei um livro com algumas poesias. Era algo muito amador e muito louco para uma adolescente ter várias pessoas a conhecendo de uma forma muito diferente.
A vida, então me levou para muitos outros caminhos, mas nunca parei de escrever. Em 96 o CAOS, uma coletânea de poemas meus, foi colocado na rede. Nele é que estão os poemas que você apresentou no Estúdio Raposa.
Muitas coisas interessantes aconteceram depois que o Caos tornou-se público. Tive poemas colocados em cardápios de um café, aí de Portugal; alguns foram usados em teses, blogs, páginas da rede e o meu poema “Quero um homem” participou de uma peça teatral, encenada no Rio de Janeiro. Em 2010, publiquei pela World Art and Friends, uma editora portuguesa, meu livro Lugar Algum, também de poemas,  No início desse ano o Caos saiu de seu modo virtual e ganhou uma roupagem real, sendo publicado por uma editora independente aqui do Brasil mesmo. Agora estou trabalhando no meu primeiro romance, que deve ser lançado entre maio e junho deste ano e irá participar da bienal do livro de São Paulo.
Sabe que falando assim até parece que o caminho tem sido fácil. Não foi e não é. Encontrar tempo para as minhas palavras, para que eu possa me deixar sentir tudo o que vivo é um desafio constante. Outro desafio é lançar essas palavras no mundo. Elas não são somente minhas. Se ficassem apenas em mim não faria sentido nenhum, elas têm que encontrar morada em outros olhos. Na verdade eu só consigo me entender através das palavras. É como eu falei para um amigo, eu não leio o mundo, eu o escrevo.
Bom,Luis, acho que deu pra saber um pouco de mim. Abaixo vai um poema do Lugar Algum de presente para você. Espero que goste.
Um grande abraço
Cláudia Marczak”

Vamos ouvir, cinco poemas de Cláudia Marczak, entre os quais aquele com que participou no Estúdio Raposa, há três anos. Começamos por esse.

O sexo é sagrado…
O sexo é sagrado, 
como salgadas são as gotas de suor 
que brotam dos meus poros 
e encharcam nossas peles. 
A noite é meu templo 
onde me torno uma deusa enlouquecida 
sentindo teus pelos sobre a minha pele. 
Neste instante já não sou nada, 
somente corpo, 
boca, 
pele, 
pêlos, 
línguas, 
bocas. 
E a vida brota da semente, 
dos poucos segundos de êxtase. 
Tuas mãos como um brinquedo 
passeiam pelo meu corpo. 
Não revelam segredos 
desvendam apenas o pudor do mundo, 
descobrem a febre dos animais. 
Então nos tornamos um 
ao mesmo tempo em que 
a escuridão explode em festa. 
A noite amanhece sem versos, 
com a música do seu hálito ofegante. 
O sol brota de dentro de mim. 
Breves segundos. 
Por alguns instantes dispo-me do sofrimento. 
Eu fui feliz.

Não vejo mais…
Não vejo mais sentido
Naquilo que tenho sentido.
Não flutuo em águas rasas.
Mergulho.
A escuridão e o peso do oceano
Me fascinam e apavoram.
Até onde posso ir?
E se eu não souber como voltar?
Não há farol que me guie.
Não há razões.
A profundeza do oceano é meu abrigo.
Seguro e solitário.
Abissal sem fim.

Sei o gosto…
Sei o gosto do seu beijo,
Seu cheiro me guia
Na escuridão da noite.
Onde está você agora
Que seu espírito engoliu meu coração ?
Por que não o encontro,
Amanhecendo ao meu lado,
Quando meu corpo chora seu abraço…
Não tente me entender,
Apenas me toque,
Deixa seu suor inundar
Minha pele com seu prazer
Beija-me
Possua-me
Que na minha solidão
Já não cabe o tamanho da sua ausência,
Pois quando vi seus olhos
Repletos de luz
O breu da minha tristeza
Iluminou-se de festa
E fez da minha estrada
Um rio de águas mornas
Desaguando no seu mar.
Deixe-me gritar seu nome
Deixe-me sangrar seu coração
Deixe-me lamber em seus lábios
Toda a dor que eles tem
E beber sua saliva de fel.
Não deixe meus olhos se fecharem,
Pois eles possuem os sonhos frágeis
De quem ama demais.

Coração de Vidro
Moram em mim
outros olhos que me vêem.
Neles existo e não me enxergo.
Tenho os olhos de um animal,
arisco e selvagem.
Farejo minhas vontades,
sacio minha sede
nos rios que correm em outros corpos.
Todos únicos sem serem um;
verdadeiros sem serem reais.
Tenho os olhos do pecado que não existe,
e escorrem por eles
lágrimas do sangue da minha culpa.
Tenho os olhos de versos.
Olhos de alma
que mostram meu coração de vidro,
tão pequeno e frágil,
que brilha e lacera em meu peito
inúmeras feridas
da onde brotam palavras vazias,
palavras vãs,
que eu nunca conseguirei entender.

Não sou…
Não sou prisioneira do tempo
Nem ancoro meus sonhos
No solo árido da minha vida medíocre.
Deixo meus olhos flutuarem
Entre céus e infernos
Que a poesia me leva.
Procuro a jóia rara
De um sorriso único
Repleto de angústia e surpresa.
Navego obscura entre
meus medos e meus desejos
sem ter certeza de nada.
Que venha a vida, então,
E penetre em mim
Como um punhal
Rasgando minhas dúvidas
Cortando as amarras
Que me prendem ao possível.
Pertenço a quem me possuir,
Sou do mundo.
Sou minha vida.
Sou o espelho do que jamais serei.

Ouvimos, no programa “Poesia Erótica” nº 52, poesia da poeta brasileira, Cláudio Marczak a quem envio um agradecimento pela disponibilidade na participação do “Poesia Erótica”

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Cláudia Marczak – “Quero um homem”

19.02.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Quero um homem
que toque minha alma, 

que entre pelos meus olhos 

e invada meus sonhos.

Quero que me possua inteira, 

corpo e alma,

fazendo dos meus desejos 

breves segundos de êxtase 

o prazer do encontro total.

Quero sentir seus braços longos 

envolvendo meu abraço, 

seus lábios mudos 

calando o meu silêncio 

sem precisar nada dizer… 

apenas me olhando 

com olhos negros e húmidos 

e me tomando devagar, 

como o mar avança na praia, 

como eu sei que tem que ser 

e sei que um dia será.

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Cláudia Marczak – “Teia”

19.02.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Teci teu rosto em minha memória
durante imensas noites insones.
Chamei teu nome em sonhos,
vã tentativa de tornar-te real.
Sofri imensamente o adeus que não houve.
Padeci diante dos meus fracassos.
Estavas distante demais.
Miragem…
impossível te tocar.
Tornei-te um objeto inalcansável.
O nunca me parece tão longe…
será difícil te esquecer.
É tão real a solidão
e tão triste deixar de te amar
sabendo que tudo não passou de uma ilusão.

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Claudia Marczak – “O sexo é sagrado”

10.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

O sexo é sagrado,
como salgadas são as gotas de suor
que brotam dos meus poros
e encharcam nossas peles.
A noite é meu templo
onde me torno uma deusa enlouquecida
sentindo teus pelos sobre a minha pele.
Neste instante já não sou nada,
somente corpo,
boca,
pele,
pêlos,
línguas,
bocas.
E a vida brota da semente,
dos poucos segundos de êxtase.
Tuas mãos como um brinquedo
passeiam pelo meu corpo.
Não revelam segredos
desvendam apenas o pudor do mundo,
descobrem a febre dos animais.
Então nos tornamos um
ao mesmo tempo em que
a escuridão explode em festa.
A noite amanhece sem versos,
com a música do seu hálito ofegante.
O sol brota de dentro de mim.
Breves segundos.
Por alguns instantes dispo-me do sofrimento.
Eu fui feliz.

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