Nota biográfica

Música para quem gosta de POP. Texto e seleção musical de Luís Pinto.

Weber – “Coro dos Caçadores”

27.12.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Música para quem gosta de POP. Hoje, Weber

O som do clarinete é um convite ao sonho, à reflexão e aos sentimentos românticos.
Por isso não nos devemos admirar da importância que este instrumento, a par de outros, fosse tão utilizado por Weber. Este compositor alemão percursor da ópera alemã em detrimento do usual idioma italiano, foi um homem romântico e as suas composições são influenciadas pela sua própria natureza.
Nasceu em Novembro de 1786, mas não foi um menino prodígio, contrariamente ao que a família pretendia. Tinha três anos quando começou a receber lições dum seu meio-irmão que lhe chegou a dizer “Poderás vi a ser muita coisa, mas nunca serás músico”. Estava enganado porque Weber – que tinha ainda uma excelente voz – recebe a primeira encomenda de uma ópera aos vinte anos de idade. Deste seu primeiro trabalho pouco resta.
Com 26 anos aceitou o convite para exercer funções de director da Ópera de Praga onde veio a conhecer Caroline sua futura mulher tão romântica quanto ele. Vivendo quase sempre com grandes dificuldades económicas apenas se puderam casar dois anos depois quando foi nomeado director da Ópera de Dresden.
“O Caçador Furtivo” cuja área “Coro de Caçadores” para coral vos oferecemos hoje, foi um êxito retumbante.
O mesmo veio a acontecer com a ópera “Oberon” estreada em Londres em 12 de Abril de 1826.
Sofrendo de tuberculose desde 1818 Weber foi aconselhado a não continuar com as viagens e a sua febril actividade, mas dois meses após a estreia de “Oberon” o compositor foi encontrado morto no seu quarto.

Ouvimos música para quem gosta de POP: hoje com Weber

(Coro e orquestra da Ópera de Budapeste, dirigida por Josif Conta)

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Verdi – “Ária da ópera O Trovador”

15.12.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Música para quem gosta de POP.

Já aqui falámos de Giuseppe Verdi quando transmitimos a ária “Va Pensiero” da ópera Nabuco.
Hoje voltamos a ouvir um dos maiores compositores do teatro lírico de todos os tempos.
Verdi veio ao mundo no dia 9 de Outubro de 1813 num lugarejo praticamente desconhecido no Ducado de Parma e, como a região ainda se encontrava dominada pela administração francesa, foi baptizado com um nome francês (Joseph Fortunin François). Às portas do seu primeiro ano de vida a sua existência foi seriamente abalada e, se não fora sua mãe esconder-se com ele no alto duma torre, tinha perecido às mãos da soldadesca áustro-russa que entrou de rompante na sua aldeia natal, expulsou os Franceses e dizimou a população civil.
Talvez este episódio tivesse incutido na criança um espírito de revolta. Havia que unificar a sua Itália e o compositor identificou-se com o “Movimento pela Unidade Italiana”.
O grito de guerra “VIVA VERDI” escreveu-se pelas paredes de todas as aldeias e cidades do norte de Itália dominado pelos Austríacos. Estes não se aperceberam que esta bonita frase não era propriamente para aclamar o compositor, mas o rei que Itália inteira queria no trono: Vittorio Emmanuele Re D’Italia – “V.E.R.D.I.”
Hoje vamos ouvir uma ária para coral da ópera “O Trovador”, estreada no Teatro Apolo de Roma em 19 de Janeiro de 1853. A estreia triunfal deste trabalho foi rodeada por um episódio quase absurdo. Os censores eclesiásticos alarmados histericamente com o suicídio de Leonora não se calavam; e foi retirada a cena onde a principal personagem feminina bebia o veneno muito bem guardado no seu anel. Remédio santo.

Ouvimos, Música para quem gosta de POP, hoje com Verdi.

(Coro e Orquestra de Budapeste, conduzida por Josif Conta)

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Rossini – “Abertura da ópera Guilherme Tell”

07.10.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Música para quem gosta de POP

Hoje vamos ouvir um dos grandes trabalhos de Rossini.
Trata-se da abertura da ópera Guilherme Tell, uma ópera romântica estreada em Paris no ano de 1829.
Rossini foi um apaixonado pela ópera e transpôs para o teatro lírico o seu temperamento de homem alegre que soube aproveitar toda a beleza da vida.
Tinha nove anos quando começou a receber lições de trompa dadas por seu pai trompetista na Academia de Bolonha. Mais tarde, um cónego de grandes conhecimentos também ensinou música ao futuro compositor, nos intervalos das suas obrigações sacerdotais.
E Rossini não se fez rogado com as lições que recebeu; aos 14 anos entrou para a escola de música de Bolonha e compôs a sua primeira ópera, Demetrio e Policio.
Guilherme Tell foi a última grande obra do compositor que lhe requereu mais energia e esforço do que qualquer outro trabalho.
Fiquemos com esta tão conhecida “abertura”.
Ouvimos “Música para quem gosta de POP. Hoje, com Rossini.

Execução da London Festival Orchestra, conduzida por Alfred Scholz.

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Tchaikovsky – “Concerto nº 1 para piano, OP. 23”

21.09.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Música para quem gosta de POP. Hoje Tchaikovsky
Muito se escreveu sobre o compositor Tchaikovsky nascido na Rússia no ano de 1840. Educado pelos modelos convencionais da classe média da época, cedo demonstrou aptidão para o piano tendo recebido – a par dos seus estudos na Faculdade de Direito – lições de música no Conservatório de São Petersburg até aos 22 anos de idade. Aos 25 anos realizou o seu primeiro concerto em público.
A música de Tchaikovsky não se identificava com quaisquer outras dos grandes compositores contemporâneos – Borodin, Mussorgsky, Rimsky-Korsakov – e nos tempos de agora parte da sua obra podia considerar-se original.
A sua personalidade introvertida repudiava firmemente a ideia de qualquer contacto intimo com outras pessoas embora fosse propenso a estados apaixonados.
Durante treze anos correspondeu-se com uma viúva abastada, de meia idade, que lhe correspondia com grande paixão. A determinada altura passou a conceder-lhe uma pensão de 6000 rublos anuais (opcinal; algum ouvinte faça a conta de quanto podia equivaler esta fortuna nos dias de hoje) que dava e sobejava para o compositor viver folgadamente. Mas a viúva nunca conheceu pessoalmente o compositor nem este mostrou interesse numa relação com a sua mecenas.
Um dia Tchaikovsky já com 37 anos, recebeu uma carta de amor de uma sua aluna que tinha apenas 20 anos de idade; Antonina Milyukova. O compositor passou a ser bombardeado com cartas arrebatadores e Antonina não vendo da parte do músico qualquer reacção às suas suplicas de amor ameaçou suicidar-se. Casaram-se, mas o casamento foi um desastre; Tchaikovsky na primeira noite da lua-de-mel achou-a fisicamente repulsiva e abandonou-a.
Tempos mais tarde Antonina deu entrada num manicómio.
Falaremos mais sobre este músico em futuros programas, mas fiquemos hoje com o seu famoso Concerto nº 1 para piano, Op. 23, interpretado por Ida Czernecka, ao piano.
Ouvimos música para quem gosta de POP. Hoje Tchaikovsky

Orquestra do Festival de Londres conduzida por Laurance Siegel

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Liszt – “Rapsódia Húngara nº 3”

10.09.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Música para quem gosta de POP

Franz Liszt tinha apenas nove anos quando deu o seu primeiro concerto público, deixando a assistência aristocrática e melómana fascinada pelo menino prodígio.
Foi tal o êxito que criaram um fundo para financiar os estudos de Liszt. Seu pai – que tocava na perfeição vários instrumentos – abandonou a ocupação de administrador de uma grande herdade para viajar com o filho para Viena.
Chamavam-lhe “Mozart ressuscitado” pela extraordinária facilidade com que arrancava sons mágicos ao piano.
No final duma grande digressão pela Inglaterra, Liszt – de saúde débil – ficou esgotado e teve que cancelar alguns concertos para um merecido descanso, mas seria seu pai a falecer de febre tifóide numa viagem de “cura marítima” que quis proporcionar ao seu filho.
Frantz Liszt casa com Marie d’Agoult da qual veio a ter três filhos, mas a sua figura esbelta deu-lhe fama de irresistível, produzindo aquilo que se propagou pela Europa inteira; a “Lisztamania”
É dessa vida amorosa que falaremos num dos próximos programas.
Por hoje apreciem a Rapsódia Húngara nº 3 interpretada pela Orquestra Sinfónica da Rádio de Ljubljana.
Ouvimos, música para quem gosta de POP. Hoje, Liszt.

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Verdi – “Nabuco”

28.08.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Música para quem gosta de POP

Falemos hoje de Verdi, do grande Giuseppe Verdi.
Já aos 12 anos este génio tocava órgão numa igreja de Le Roncole pequena aldeia no norte de Itália, enquanto estudava flauta, clarinete baixo, trompa e piano.
Em 1839, no Teatro de La Scala estreou com grande êxito a sua primeira ópera “Oberto”.
Entretanto passou por terríveis contratempos; a morte dos seus dois filhos e da própria mulher que adorava.
A depressão abalou profundamente o compositor, mas o director do Scala encomenda-lhe  uma ópera baseada num episódio bíblico relacionado com o cativeiro dos judeus nos tempos de Nabucodonosor. Assim nasceu “Nabuco” que o tornou famoso de um dia para o outro.
Giuseppe Verdi não brincava aos “corais” e nesse tema para coral e orquestra que hoje vamos ouvir (Vai, pensamento, sobre asas douradas), é bem audível a força brutal dum conjunto de 4 vozes (Sopranos, Mezzos, Tenores e Baixos) onde não existem estrelas; apenas muitas vozes que se complementam.
Falaremos ainda deste compositor numa próxima oportunidade para notarmos da importância do nome “VERDI” num grito nacionalista que levou à unificação da Itália.
Antes de morrer Giuseppe pediu a maior simplicidade nas suas exéquias, mas a multidão que invadiu o cemitério milanês entoou este comovente coro de Nabuco.
Fiquemos pois com “Va pensiero” interpretado pelo coro e orquestra de Budapeste.

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Poesia da Música – “Johann Stauss Jr.”

19.08.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Na década de 1840 vivia-se em Viena a febre da valsa e isto por culpa de um clã de músicos; a família Strauss.
Pai e filho rivalizavam-se cada um com a sua orquestra.
Parece consensual que a origem da valsa é alemã através da palavra waltzen equivalente ao latim volvere que sugere desde logo uma dança giratória.
E a valsa mandou às urtigas o estafado e aristocrático minueto; agora os pares dançavam bem agarradinhos ao som daquelas melodias que os Strauss compunham para escândalo da aristocracia conservadora.
Não se pense que as valsas são apenas dos Strauss. Grandes compositores como Mozart, Beethoven, Schubert e outros, criaram pequenas peças encantadoras e muito divertidas. Mas as de Johann Strauss Jr. tinham mais brilho e um primeiro tempo bem marcado.
Os grandes salões de baile como o Apolo e o Sperl (que podiam acolher 3000 pares de dançarinos apaixonados pelo rodopio) rapidamente perceberam que ao repúdio inicial por esta dança havia agora lugar à alegria esfuziante duma juventude renovada.
Esta Valsa que vamos ouvir (Vinho, Mulher e Canto) comenta com um sorriso as preocupações da sociedade vienense que frequentava os cafés.

(Wiener Wolksoper Orchestra. Cond.: Peter Falk)

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Haendel – “Música Aquática”

14.08.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

As águas calmas do rio Tamisa aguardavam o inicio da procissão régia e, na faustosa embarcação, Jorge I deliciava-se por aquele bonito dia de Julho de 1717.
E quando os primeiros acordes da solene abertura “Música Aquática” se fizeram ouvir, o soberano encostou-se num almofadão azul e disse:
– Silêncio, agora ouçam Haendel.
Precisamente o obeso compositor tinha concluído dias antes a suite “Música Aquática” e agradeceu com respeitosa vénia.
Ao lado da embarcação real seguia o barco da orquestra e os músicos, de grandes e enfarinhadas perucas, tocavam a preceito toda a partitura.
Jorge I reconhecia há muito não estar nada arrependido de se ter tornado patrono do famoso músico alemão e compositor da corte de Inglaterra.
Haendel o boémio, Haendel o homem de muitas mulheres, Heandel o +
+apreciador de boa mesa, tornou-se um verdadeiro especialista a compor a música das cerimónias oficiais.
Sete anos antes de morrer ficou quase cego depois duma operação à vista mal sucedida,
mas este estudante de direito que optou pela beleza dos sons, deixou-nos obras-primas que são ouvidas ainda hoje com redobrado interesse; oratórias, óperas, música de câmara…
… E a célebre “O Messias”. Na estreia desta oratória as senhoras tiveram de se apresentar sem as armações dos saiotes e os homens sem espadas para que a sala pudesse acolher o maior número de pessoas.

(Salzburg Consort)

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