Nota biográfica

Alberto Correia de Lacerda (Ilha de Moçambique, 20 de Setembro de 1928 — Londres, 26 de Agosto de 2007) foi um poeta português.

Alberto de Lacerda – “Hino ao Tejo”

23.03.2015 | Produção e voz: Luís Gaspar

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Ó Tejo das asas largas
Pássaro lindo que se ouve em todas as ruas de Lisboa
O coroa de uma cidade maravilhosa
O manto célebre nas cortes do mundo inteiro
Faixa antiga duma cidade mourisca
Fénix astro caravela líquida
Silêncio marulhante das coisas que vão acontecer
Deslizar sem desastres sem fado sem presságio
Tu o majestoso ó Rei ó simplicidade das coisas belíssimas
Nas tardes em que o sol te queima passo junto de ti
E chamo-te numa voz sem palavras marejadas de lágrimas
Meu irmão mais velho

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Alberto de Lacerda – “Tese e Antítese”

26.03.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

tese

Nunca mais
E arrasto comigo pelo braço da esperança
As horas marejadas as pedras do desgosto
A fome de amor
A cavernosa rouca diamantina
Fome de amor

Nunca mais e sobre os altos silêncios
No tumulto insensato
À beira do abismo
Ressuscito
Os rostos bem amados
Traiçoeiros
Dou-lhes andas
Dou-lhes palhaços
A infância que não tive
E que perdi
A paz que não é minha

Nunca mais

Agora só há abismos não há rostos

Passem duendes príncipes Antinos
Mas de largo

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Alberto Lacerda – “Lourenço Marques Revisited”

12.03.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

A água que murmura espectros lentos

O que houve e não houve e não volta nunca mais

Os quartos sem esperança que os guardasse

As casas sem anjo da guarda

A luz intensa bela e dolorosa

A adolescência dilacerada

A ternura dezoito anos recusada

Na casa dos Átridas

O crime horroroso que não houve

Mas as feridas abriram manaram um sangue

Que penetra implacável as fendas do sono

E me deixa acordado à beira da estrada

Com lágrimas que percorrem

Trinta e quatro anos

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