Joana Well – “Menina”

23.03.2016 | Produção e voz: Luís Gaspar

lobo

Menina, menina, vem cá! – Disse o Lobo….E eu? Eu fui….e o Lobo? Papou-me! E depois? Foi-se embora…E eu? Eu chorei….Porque fugiu o lobo? Não sei, não sei…Se calhar não era um Lobo e dei-lhe uma congestão….entende-se? Diz-me um mágico que lobos só existem nas minhas fantasias…Então? E eu? Eu fui…Procurem-me…estarei no Mundo-Que-Imaginei….á procura do Lobo que não mais encontrei…entretanto…veio um Cabritinho que eu papei…e uma Porquinha que saboreei…que belo repasto preparei…mas á procura do Lobo é que eu andei, andei…e quando não fui, o Coração enviei…

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Joana Well – “Corpo”

15.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Quero estar a dormir quando os teus dedos passearem na curva lateral das minhas nádegas…quero estar a dormir quando as tuas mãos se fecharem nas minhas ancas…quero estar a dormir…o meu corpo frio e os teus dedos quentes…quero acordar depois, apenas depois…depois da nossa temperatura ter igualado e ter voltado a separar-se…porque não existe realidade que traga o eterno calor da respiração e dos lábios macios a percorrerem-me a coluna…quero pensar que foi um sonho, traiçoeiro…o sonho que procuro, corpo após corpo, em que adormeço a realidade…rebolo, ostensivamente, mostro-te o sexo…descaradamente que também a censura dorme…despudor, alcoolizada da inconsequência de estar a delirar, ofereço-te os seios, puxo a tua cabeça contra eles…quero ser o pesadelo da tua vontade própria, da tua auto-estima, da tua insubmissão, quando tenho as pernas á volta das tuas costas e as subo aos teus ombros…quero ser o veneno da tua liberdade, as tuas grades aos meus gemidos, vampira da força que foge de ti…deita-te…

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Joana Well – “Lençol”

15.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Resta a nódoa, um pequeno veio rosado,
no lençol, berra num branco imaculado
como outrora, um vermelho culpado;
que eu ainda consigo ver,
porque me lembro como era;
que eu ainda consigo cheirar,
porque me lembro como cheira;
que tu nunca mais irás tocar,
eu fiz do sulco uma fronteira;
E não, é verdade que não foste o primeiro,
talvez nem o segundo, ou sequer o terceiro;
mas, apenas tu, me desfloraste,
profano! Uma Messalina na ara,
como uma virgem que tu sangraste,
num lençol…
Resta a nódoa
Que eu ainda consigo ver.

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Joana Well – “Menina…menina…”

15.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Menina, menina, vem cá! – Disse o Lobo….E eu? Eu fui….e o Lobo? Papou-me! E depois? Foi-se embora…E eu? Eu chorei….Porque fugiu o lobo? Não sei, não sei…Se calhar não era um Lobo e dei-lhe uma congestão….entende-se? Diz-me um mágico que lobos só existem nas minhas fantasias…Então? E eu? Eu fui…Procurem-me…estarei no Mundo-Que-Imaginei….á procura do Lobo que não mais encontrei…entretanto…veio um Cabritinho que eu papei…e uma Porquinha que saboreei…que belo repasto preparei…mas á procura do Lobo é que eu andei, andei…e quando não fui, o Coração enviei…

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Joana Well – “Sou taça”

15.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Sou taça…de gelado com banana…e chocolate liquido…e chantilly…devo atrever-me a contar-te o resto? Pode começar a derreter mais depressa e escorrer para todo o lado, aviso-te!!!…Esta demência que me anda a invadir…não, não foi o coração que me danificaste…foi o fígado, de tantas bebedeiras existenciais, a pureza etílica que escorria do suor do teu corpo e eu tragava…esse vinho agri-doce que lançavas em mim, bebi-te demais e fiquei zonza…

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Joana Well – “Trémula”

15.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Tenho tanto medo de ti…dessa tua doçura áspera, desses teus sussurros, que me puxam o cabelo, quando entram nos meus olhos…intimidas-me…as tuas mãos são francas e tentadoras…mas, as tuas garras, sempre de fora, extensões inseparáveis da tua personalidade, nesse eterno cerco em que vives, podem retalhar-me á mais leve carícia que me faças…E esse medo, e essa mansidão poderosa com que chegas, essa tua dimensão que enche tudo ao avançares para mim, esse porte de árvore gigante, infinitamente ramificada, inabalável, mais me submete á vontade de ti…de ser um bichinho que se esconde em ti, na pele que suavizas para roçar na minha…

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Joana Well – “Armadilha”

11.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Emprestaste-me a tua alma para eu lamber….sabias a sal…fizeste-me engolir-te…secaste-me e não emprestaste o sangue ás minhas veias…Eras uma armadilha…se te tirasse de dentro de mim, ficava sem pingo de sangue, era só o teu que circulava…Atordoaste-me com esse teu friozinho de desejo a deslizar como lingua nos mamilos, esses dois pedintes, chaves mestras que abrem as portas de todo o corpo…Sou a tua presa e preso estavas tu antes, quando fizeste do meu corpo teu cativeiro….finge que és o dono de mim, se queres…atormenta-me na tua imaginação…que dirás quando recuperar o sangue e te expulsar? Quem será então o Mestre de quem? Fica, vive-me, consome-me e verás quem é a armadilha….

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