Nota biográfica

José Guilherme de Araújo Jorge (Tarauacá, 20 de maio de 1914 - Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 1987), mais conhecido como J. G. de Araújo Jorge, foi um poeta e político brasileiro.

Araújo Jorge – “Primavera”

10.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

O teu amor, querida,
Fez um dia de primavera
Neste começo de outono
Que é a minha vida.
E do ramo, de onde as primeiras folhas
Se soltavam pálidas, sem cor,
Surgiu uma flor imprevista:
O teu amor…
Teu amor chegou assim
Como uma coisa que no fundo se deseja
Mas não se espera,
Emocionando o coração, neste começo de outono
Como um dia de primavera! 

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Araujo Jorge – “Gosto quando falas de ti…”

10.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Gosto quando me falas de ti e te vou percorrendo

e vou descortinando a tua vida na paisagem sem nuvens,

cenário dos meus desejos tranquilos.
Gosto quando me falas de ti e então percebo

que antes mesmo de chegar, me adivinhas,

que ninguém te tocou, senão o vento

que não deixa vestígios, e se vai

desfeito em carícias vãs…
Gosto quando me falas de ti quando aos poucos a luz

vasculha todos os cantos de sombra, e eu só te encontro

e te reencontro em teus lábios, apenas pintados,

maduros,

mas nunca mordidos antes da minha audácia.
Gosto quando me falas de ti e muito mais adiantas

em teus olhos descampados, sem emboscadas,

e acenas a tua alma, sem dobras, como um lençol

distendido,
e descortino o teu destino, como um caminho certo, cuja

primeira curva

foi o nosso encontro.
Gosto quando me falas de ti porque percebo que te desnudas

como uma criança, sem maldade,

e que eu cheguei justamente para acordar tua vida

que se desenrola inútil como um novelo

que nos cai no chão…

(J.G. de Araújo Jorge,
do Livro “Quatro Damas”, 1a ed. 1965)

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