“Guerra e Paz”, poema de Luís Castro Mendes.
17.02.2022
Varrida pela chuva a álea rasa,
sai o inverno nesta primavera.
O Tempo quis negar-nos sua casa,
a História faz de farsa ou de quimera
prometida por doutos e por santos
que nos levam, de cegos ao abismo:
folheio pela noite fólios tantos,
que já não sei se sonho no que cismo.
Este tempo não sabe da desgraça,
repete sem cessar a ladaínha :
liberdade que nasce em cada praça,
alvorecer enfim que se avizinha!
Mas no amanhecer, entre destroços,
o tempo varre cinzas, restos, ossos.
“Outro Ulisses Regressa a Casa”, 2016
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