Nota biográfica >>

Florbela Espanca (Vila Viçosa, 8 de Dezembro de 1894 — Matosinhos, 8 de Dezembro de 1930), batizada como Flor Bela de Alma da Conceição Espanca, é uma conhecida e popular poetisa portuguesa. A sua vida, de apenas trinta e seis anos, foi tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotismo, feminilidade e panteísmo.

“Fumo” de Florbela Espanca.

27.01.2022

Longe de ti são ermos os caminhos,

Longe de ti não há luar nem rosas;

Longe de ti há noites silenciosas,

Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos

Perdidos pelas noites invernosas… 

Abertos, sonham mãos cariciosas,

Tuas mãos doces plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram… choram…

Há crisântemos roxos que descoram…

Há murmúrios dolentes de segredos…

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços! 

E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,

Fumo leve que foge entre os meus dedos!…

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