“Poema (sem título) de Egito Gonçalves.
16.09.2021
Recebo-te em cada manhã com o mesmo espanto, deixo-me
banhar por essas folhas dobradas onde me entregas a
serenidade e a alegria.
Decoro a lenta sedimentação do teu passado, dores
fossilizadas, estrato acumulado em anos de que estou
ausente,
caminhos sem aberturas.
Outros em que me reconheço nos marcos que limitam
a paisagem, nos rápidos sorrisos que os olhos velavam,
na mudez de interrogações não formuladas.
Leira onde se expõem momentos fugidios hoje
inflorescentes,
grão intacto onde a inocência se mantinha à espera
do solo.
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