Nota biográfica >>

Augusto Gil nasceu na Guarda e começou a exercer advocacia em Lisboa, tornando-se mais tarde director-geral das Belas-Artes. Na sua poesia notam-se influências do Parnasianismo e do Simbolismo. a nacionalista.

Augusto Gil – “A fala de um cravo vermelho”

22.04.2015

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Da braçada de cravos que trouxeste
Quando vieste,
Minha linda,
Há um – o mais vermelho e mais ardente –
Que espera ainda ansiosamente
Atua vinda…

Só ele resta agora, entre os irmãos
Já desfolhados…
Só ele espera que piedosas mãos
– As tuas lindas mãos e os teus cuidados –
Lhe dêem, numa pouca d’água clara
E enganadora,
Uma ilusão da vida que animara
O seu vigor d’outrora…

Mas que outro está, da hora em que o cortaste
Ainda em botão!
Murcham-lhe as pétalas e tem curva a haste,
Num grande ponto de interrogação…

Voltado para a porta em que surgiste,
Na noite perturbante em que o trazias,
Parece perguntar porque partiste …
E porque não voltaste, há tantos dias!?…

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