Sophia de Mello B. Andresen – “Pátria”
28.01.2015
Por um país de pedra e vento duro Por um
país de luz perfeita e clara Pelo negro da
terra e pelo branco do muro
Pelos rostos de silêncio e de paciência Que a
miséria longamente desenhou Rente aos ossos
com toda a exactidão Dum longo relatório
irrecusável
E pelos rostos iguais ao sol e ao vento
E pela limpidez das tão amadas Palavras
sempre ditas com paixão Pela cor e pelo peso
das palavras Pelo concreto silêncio limpo das
palavras Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas
Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro
Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo
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