Amadeu Baptista – “A noite cai”
10.10.2012
A noite cai e o poeta parte para a cidade.
O alforge vai cheio de sedimentações, beringelas,
leiras de feijão, e um potente holofote,
para iluminar o tempo.
Recém-chegado da província, cabe-lhe
manusear o livro, o alfa, o ómega, ainda que
abomine tanto tumulto, tantos carros que
passam, tanto grito,
e se creia um centauro nas avenidas novas. Os
bairros, as áleas rectilíneas, ampliam a
indiferença, havendo em tudo um poder
infernal de crateras sobre os muros, destroços
nas janelas, marchas forçadas,
farpas.
(Do livro “Atlas das Circussntâncias” . Ed. “Lua de Marfim”)
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