Alberto Silva – “La petite mort”
01.06.2012
Pincelava-te o corpo com o meu beijo. Ao de leve, suave.
Percorria-te o peito com o olhar.
Deixava deslizar, lentamente, a ponta dos meus dedos.
A pele que estendias húmida, ardente, indefesa, arrepiava-se
a cada toque, a cada brisa, a cada beijo.
Sentias suavemente as carícias dos meus lábios em teu
manto. Percorriam cada espaço descoberto.
Lentamente, sentias o corpo acendendo-se. Começavam os
suores, os gemidos, os olhares furtivos. O corpo começava-
-se-te a contorcer, sem controlo, sem regra, sem caminho.
A medida que ias sentindo a pele na pele, o som com
som, o ritmo com movimento, ias perdendo o sentido, ias
deixando-te fugir. Partias.
As coxas apertavam-se-te em conjunto, sufocavas-me as
mãos, não permitias que saísse.
A força do teu sufoco deixava antecipar a rápida chegada.
Apertavas-me as mãos, como quem não permitia que
partisse. Agora não era tempo de voltar atrás.
Deixavas-te chegar com a força de um suspiro.
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