Daniel Camacho – “Máscaras”
22.02.2012
Prefiro fingir que não vi o fim da humanidade,
esconder-me no sonho desumano de máscaras idolatradas,
perder-me no vento que sinto soprar em cada esquina da cidade,
naquele silêncio que se ilude e se arrasta pelos muros do disfarce
como que fingindo não sentir as dementes vertigens
que jorram sufocadas nos peitos virgens,
nos cemitérios urbanos que choram ironias aos soluços
e temem a morte que a mente humana um dia desenhou.
Prefiro balançar noutra sala mais selvagem,
suspender-me sob um feixe luminoso de esperança
num desafio carpido no prisma oculto de uma noite que se cansa
e que adormece o olhar lançado sobre o mar e suas chamas de cora
gem.
Prefiro vencer o ódio que tresanda em cada roupa,
em cada boca…louca,
e suspender os medos que passeiam nas ruas eternas do amanhã
aos empurrões, sem descanso, repetidamente a toda a hora no ecrã…
…que se diz mágico, dia após dia,
sempre que algo trágico principia!
Prefiro colocar a máscara e murmurar por gestos,
para não ferir o lado ignorante e inocente
desta ilusão que cabe na minha mão cheia de restos
escondidos numa fresta de caminhos rectos e pedras firmes.
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