Edson Bueno de Camargo – “Contas de vidro”
20.02.2012
doses de amargo
quebram as pétalas das flores
em agridoce semelhança com a vida
(mas ainda assim desigual)
pagar o dízimo
das contas de vidro perdidas
entre os dentes
e caídas
dos dedos senis e trémulos
o amor é uma construção permanente
o cimento que une o universo
e há mais metafísica
em olhares adolescentes apaixonados
(e seu brilho doentio)
do que nos arcanos
das esferas orbitais de Júpiter
e contornos oculares de Galileu
(suas derradeiras ferramentas)
o ósculo da matéria
cinco segundos antes da destruição total
nos revelará de vez
a verdadeira verdade
mas ai será tarde
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