Manuela Nogueira – “Ilha”
16.01.2012
Há um oceano de gente a minha
volta um palrar de coisas ditas,
promessas vãs de políticos,
becos, caminhos sem rota.
Paz só no meu jardim
onde oiço o cantar dos pássaros,
vejo a cor das borboletas,
o desabrochar das flores;
mesmo com os olhos cerrados
conheço os sons, as cores,
o cheiro e os limites.
Elegi meu derradeiro refugio:
é o castelo feudal sem gentios,
meu trono é degrau de escada.
Vejo o Sol nascer e pôr-se
a calmaria e a ventania
poupam-me da monotonia.
No ninho dos rouxinóis
há novos bicos famintos,
os melros estão menos tímidos.
Sou apenas uma outra personagem
que chegou de um mundo louco
e parou ou desistiu da viagem.
Casa Belos Ares, Estoril
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