David Mourão-Ferreira – “Maria Lisboa”
14.01.2012
É varina, usa chinela,
tem movimentos de gata.
Na canastra, a caravela;
no coração, a fragata.
Em vez de corvos,
no xaile
gaivotas vêm pousar.
Quando o vento a leva ao baile,
baila no baile coo mar.
É de conchas o vestido;
tem algas na cabeleira;
e nas veias o latido
do motor de uma traineira.
Vende sonho e maresia,
tempestades apregoa.
Seu nome próprio, Maria.
Seu apelido, Lisboa.
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