Manuela Nogueira – “O amante esbelto”
12.01.2012
Queria que o meu amante esbelto
me trouxesse o amor fecundo
antes do caos que criou o mundo
plantando as centelhas do início;
queria o âmago do amor
mesmo fictício.
No abraço do amante esbelto
a promessa da fidelidade sagrada
o começo da explosão e implosão
o nada reduzido à planície primeira
onde a ungida flor abrisse ao Sol.
Esqueçamos o amante esbelto
e a inútil promessa herdada
somos apenas a humana raça
pendurada num imenso estendaI
erguida em fria madrugada.
Fixemos apenas o espasmo visceral
que celebra o que chamam amor
depois do acto, chegue a velha ama
para não mais deixar de nos embalar
o mar acolherá nossas lágrimas de sal.
E na imensidão do mar profundo
a luz penetrada é quilha de prata
antes do caos que criou o mundo
era eu a eleita por ele amada …
do amante esbelto esqueci o nome.
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