Otília Martel (MM) comenta Poesia 34 – E.M. de Melo e Castro

30.01.2009

E.M. de Melo e Castro de seu nome próprio Ernesto Manuel, um dos pioneiros da videopoesia que há décadas causou tal escândalo, que foi destruído pela RTP, é sem dúvida um poeta controverso.
As palavras são para ele sinónimo de várias interpretações que o conduz à poesia animada, projecto que ele gere como uma forma de levar a poesia a outros Mundos.
Falar do Poeta não é fácil, porque os universos paralelos dele são imenso… e é nas palavras que nos oferece que está toda a essência da sua alma.

“Os dias do Amor” uma colectânea de Poesia, com recolha, selecção e organização de Inês Ramos, oferece-nos um poema que nos dá uma visão clarividente da forma como o Poeta encara a vida, poeticamente, nas suas fases, desde a infância e cujo excerto deixo àqueles que ainda não conhecem, nem o livro, nem a poesia nele contida…

“Várias fazes de um poema de amor”
1
Aos quatro anos, comunicado a sua mãe ao acordar de um sonho colorido

era tanto o amor
era tanta a paixão
que um dia o amor
se fez em terror

[…]

5
Aos 45, comunicado a quem ler

de amor se faz amor
de nada mais resulta amor
que amor se faz de amor
de nada mais.
resulta sempre de amor
que amor se faz de nada.
mais resulta que amor de amor
se faz amor de nada.
MAIS

6
Aos 70 anos, para uma mulher: tu

vejo uma mulher distante amante
lutando contra o tempo desviante
uma mulher de células diamante
e oráculos védicos bramantes…

uma rubra submersa corrente
entregue aos ritos aúricos da mente
que me procura e eu busco demente
entre sonoras sombras manualmente.

uma mulher de súbitos desvios
de onde nascem tumultuosos rios
e se perfilam beijos desvarios
em sexos sanguíneos de lírios…!…

uma mulher de hoje e de infinitos
saberes e sabores de que se fazem mitos

[…]

São estas as palavras que como uma dança de vários ritmos o Poeta nos oferece e em cada obra é sempre uma surpresa.
E.M. de Melo e Castro é obrigatório ler!
Grata ao Estúdio Raposa pela divulgação de uma faceta do Poeta, que decerto, alguns não conheciam.
Um abraço

Otília Martel (Menina Marota)

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