Otília Martel responde a Luís Pinto

27.06.2008

“Fora o novo acordo ortográfico! (estou a angariar assinaturas para uma estrondosa manifestação anti-acordo. Basta, Pum, Basta).Luís Pinto”

Pois meu Caro Luís Pinto, conte com a minha assinatura e pedindo desculpa ao anfitrião da casa Luís Gaspar, gostaria de acrescentar à minha maneira, o seguinte:
Ao longo da História Portuguesa a nossa escrita sofreu alterações, sendo certo que a fonologia se manteve intacta.
Para além de outras imprecisões não concordo, especialmente, com a al. b) e d) do Anexo 1 do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990) que a seguir se transcreve:

[…]
“BASE IV
DAS SEQUÊNCIAS CONSONÂNTICAS
1º) O c, com valor de oclusiva velar, das seqüências interiores cc (segundo c com valor de sibilante), cç e ct, e o p das seqüências interiores pc (c com valor de sibilante), pç e pt, ora se conservam, ora se eliminam.
Assim:
a) Conservam-se nos casos em que são invariavelmente proferidos nas pronúncias cultas da língua: compacto, convicção, convicto, ficção, friccionar, pacto, pictural; adepto, apto, díptico, erupção, eucalipto, inepto, núpcias, rapto.
b) Eliminam-se nos casos em que são invariavelmente mudos nas pronúncias cultas da língua: ação, acionar, afetivo, aflição, aflito, ato, coleção, coletivo, direção, diretor, exato, objeção; adoção, adotar, batizar, Egito, ótimo.
c) Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o emudecimento: aspecto e aspeto, cacto e cato, caracteres e carateres, dicção e dição; facto e fato, sector e setor, ceptro e cetro, concepção e conceção, corrupto e corruto, recepção e receçâo.
d) Quando, nas sequências interiores mpc, mpç e mpt se eliminar o p de acordo com o determinado nos parágrafos precedentes, o m passa a n, escrevendo-se, respetivamente, nc, nç e nt: assumpcionista e assuncionista; assumpção e assunção; assumptível e assuntível; peremptório e perentório, sumptuoso e suntuoso, sumptuosidade e suntuosidade.
[…]

Independentemente de se saber que já outros Povos tinham descoberto o Brasil, quando em 22 de Abril de 1500 Pedro Álvares Cabral chegou a Terras de Vera Cruz, onde mais de mil línguas eram faladas pelos índios de diversas etnias que lá existiam, o certo e consta da História, é que em 17 de Agosto de 1750 o Marquês de Pombal institui o Português, como língua oficial do Brasil.
Com o actual acordo ortográfico, mais parece estarmos a ser colonizado pelo Povo, que em tempos idos, colonizámos, muito embora considere, que os Brasileiros deverão eles próprios, cultivar e escolher a sua própria linguagem e nunca ser um imperativo de outrem.
Por isso, caríssimo Luís Pinto disponha da minha assinatura a juntar aos muitos Portugueses, que estarão em completo desacordo, com este “acordo”.
E como este, é um local onde se lê (e muito bem) Poesia, ouvir Fernando Pinto do Amaral é um privilégio. Grata pela partilha e pela oportunidade da escolha.
Um abraço
Otília Martel

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