Comentário de Luís Pinto

17.01.2008

São páginas duma amplitude fantástica. Aliás, neste programa, para lá da extraordinária prosa – todo o “Evangelho segundo Jesus Cristo” tem extraordinária prosa – possui a virtude de se provar inequivocamente que o uso do “palavrão”, tantas vezes gratuito, não faz falta nenhuma à criação de um clima comovente que nos transporte às emoções dos prazeres carnais.
A parte que leste e uma outra em que o escritor descreve a cópula de José com Maria, com palavras de sublime inspiração (“… em verdade há coisas que o próprio Deus não entende, embora as tivesse criado”) são duma beleza que revoluciona os sentidos, nos acorda da letargia banal do sexo, tantas vezes exercido com faro animalesco.
O castrado subsecretário de estado da cultura Sousa Lara, que de cultura deve andar arredio, possivelmente, ainda hoje, não entende a messiânica mensagem do Livro.
Abençoado Saramago que virou costas a este País de tristes personagens iletrados.
No início deste segundo “Poesia Erótica” ouvi agradeceres a quem te escreve ou fala.
Tens que agradecer o quê?
Nós, os ouvintes, é que te devemos agradecimentos.
Luís Pinto

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